Quando a beleza chegar…

Espelho, espelho meu… Teu e de todas nós…

Então o espelho fala incessantemente que a imagem refletida não corresponde às expectativas de beleza e uma lágrima toma conta do rosto formando um oceano e molhando o tapete azul, o azul torna-se intenso e os seus olhos retomam o espelho em uma tentativa de destruí-lo, não suportando ele ocultar tamanha beleza.

Cria o seu ritual, ao ritmo de uma música suave instrumental, dança e canta acariciando sua pele nas cortinas de tecido leve e transparente das janelas do seu quarto, olha para o seu espelho e sussurra em tom de despedida que sua beleza é feita de verdades, dos detalhes do seu rosto, do eco da sua risada de menina, do seu inebriante olhar, das suas covinhas e curvas e de todo sentimento que mal cabe dentro de si mesma. Vai navegar e segue acreditando que não mais precisa de espelhos que digam algo a ela, agora a sua beleza reflete no oceano.

 

Biografia da autora:

Ana Paula Pedroso, bióloga, professora na educação pública, bacharel em direito, pós graduada em educação ambiental e especial, fascínio pelo universo literário e pela possibilidade de criar com a arte de escrever.