DEFINITIVAMENTE OS OPOSTOS NÃO MAIS SE ATRAEM

FREUD dizia que o ideal eram os elos complementares em que um possuísse as propriedades inexistentes do outro, o que, certamente, fortaleceria o casal. Hoje, os ideais de casal mudaram, felizmente. E este novo ideal fez com que buscássemos o igual a nós, o nosso espelho, é como olhar e se enxergar no outro. Não há como negar que as tecnologias nos aproximam de um novo e rápido mundo, de modo que assim surge uma nova concepção sobre o ideal de par. Foi-se o tempo em que um mandava e o outro obedecia, quando se aceitava a determinação e vontade do outro. Isso porque eram outros tempos, tempos em que, certamente, se reportavam as diferenças de gênero, por exemplo. Quando mulheres eram pouco participativas na sociedade e dependiam do aval de seus companheiros. Hoje, diferentemente, seguimos o caminho inverso, seguimos a troca, a reciprocidade, as afinidades. Não mais, e em tempo, suportamos o abismo das diferenças, aquele que menospreza, que separa, que pune, que agride. A saber, hoje, a diferença apenas afasta. E afasta, porque a percepção da maioria dos casais é de que precisamos daquele que segue o nosso compasso, e rejeitamos, veementemente, o adverso do coração vazio, do não reciclar, porque o não reinventar é muito chato, muito previsível, e de pouco agrado. Precisamos, hoje, de alguém que seja o nosso par, não aquele que vem com a intenção de nos salvar, mas, sim, alguém que faça a sua parte, para que juntos, na comunhão de casal, imbuídos dos mesmos ideais de uma parceria plena, ocorra o empenho de um em direção ao outro. Precisamos de alguém cuja presença é de paz e segurança, de alguém onde o equilíbrio seja a constante, tanto do ponto de vista intelectual quanto do aspecto da vida erótica, de casal. Estes pontos são importantes para um bom papo e também para uma troca de afetos. E não, não, mais precisamos de alguém que ameaça a nossa individualidade, que nos coloca para baixo, que não nos respeita, não nos valoriza, e não nos enxerga como merecemos. Precisamos encontrar o nosso espelho, o igual. E isto serve como alerta para os novos tempos, e só funciona assim. Para que a nossa escolha seja certeira, precisamos da cumplicidade, da disposição para agradar o outro, sem apontar defeitos, sem julgamento. Com certeza, precisamos da disposição e do empenho nos mesmos sonhos e projetos. Isto é, o igual atrai, não afasta.

 

Biografia da autora:

A professora Piti Ochoa Ughini, nascida em Getúlio Vargas/RS, é graduada em Letras pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Conta, ainda, com formação em Artes Plásticas e Pós-Graduação em Alfabetização, ambos pela mesma instituição. Como professora de Língua Portuguesa e Redação, atuou, por 25 anos, na Rede Marista. Em 2001, fundou o seu próprio centro de estudos, onde os estudantes encontram um espaço, inteiramente, voltado para a formação educacional a partir de um método estruturado e eficaz de concepção, produção e correção de redações. Desde 2003, trabalha também em cursos Pré-Vestibulares, além de prestar consultoria linguística para públicos de diferentes segmentos sociais.