Ser ou não ser, eis a questão. A famosa citação de Shakespeare inicia meu raciocínio antes de responder a questão mais complexa que um ser humano pode fazer para si mesmo: quem sou eu? Simplesmente porque não posso me questionar do que se trata meu eu sem saber ao menos se sou algo? Sim…
A perplexidade da minha existência diante de um universo imensurável alimenta essa dúvida. Sou ou não sou? Eis a minha questão.
Apesar disso torno a pensar, se estou aqui escrevendo esse texto sou algo, pra esse papel ao menos, mas devo ser algo. Importante eu não sei, porém inevitavelmente existo em algum momento da história da humanidade, e do planeta Terra. Cada pessoa que passa por mim me olha, quando saio de casa devo ser enxergada, não por todas certamente, mas alguém deve ver o que eu chamo de eu se movendo em direção aos feitos do dia.
Me pergunto então se apenas ser vista significa que eu seja algo. Ser algo não seria quando sua existência é necessária, alguém precisa dela, ou algo do tipo como beneficiar outra existência. Não…
Tenho a impressão de que se eu não existisse nesse exato momento não faria falta no universo, ele continuaria na sua inexplicável existência tão sórdida quanto a minha.
Então, interrompo o fluxo de pensamentos para chegar na óbvia e inatingível conclusão de que ninguém é tão importante assim dentro do universo.
O que fazer para suportar essa existência inútil e cansativa que se mostra como ela exatamente é, inútil e cansativa justo para mim. Seu disfarce continua tão esplêndido para os outros, mas para mim ela resolveu cansar de fingir.
E agora eu tenho que fingir que não descobri seu propósito, o qual não existe a propósito. Eis que me propus a fazer uma faculdade, de Medicina ainda por cima. Claro, eu posso ser algo se alguém precisar de mim. Se por um momento alguém se sentir melhor com a minha existência solidária. Foi assim que eu cheguei até aqui, o 5º período desse curso que me fazia repudiar a minha escolha há uns meses e agora me amarra nas suas tentações. Faz-me sentir que posso ser importante algum dia para alguém e só por isso minha existência pode ter chance de ter sentido para mim mesma.
Fora isso, para o restante do mundo eu sou a Brenna. Nome completo: Brenna Carolina Sousa Braga. Idade: 23 anos. Tenho um pai, uma mãe e uma irmã. Maranhense. Estou rodeada de pessoas maravilhosas e isso me faz feliz muitas vezes. E amo ler.